Anunciada em março de 2023, começam em 7 de novembro os efeitos da adesão da China à Convenção da Apostila de Haia. Mas quais são exatamente as implicações práticas dessa medida?
O que é a Convenção da Apostila de Haia?
Consiste em um tratado internacional oficialmente denominado “Convenção sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos”, originalmente firmado no ano de 1961, ao qual o Brasil aderiu por força do Decreto nº 8.660/2016, em vigor desde 14 de agosto de 2016. Ele reduz significativamente os entraves burocráticos e os custos relativos ao trânsito de documentos entre os Estados signatários. Uma lista que contempla mais de 100 países e que, agora, abarcará também a China.
Como funciona o apostilamento?
Quando necessário que um documento originalmente emitido em um país produza efeitos em outro, sendo ambos signatários da Convenção, emite-se, pela autoridade competente da origem, um certificado de autenticidade quanto à assinatura, cargo de agente público, selo ou carimbo de instituição. No Brasil, isso é feito através de cartórios autorizados pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), descentralizando e capilarizando a prestação desse tipo de serviço.
O apostilamento, é importante destacar, certifica apenas que aquele documento foi emitido pela autoridade investida do país de origem, não se prestando a certificar seu conteúdo, tampouco a eliminar a necessidade de tradução e de outras formalidades, quando exigidas. Ainda assim, trata-se de um significativo avanço, eliminando a necessidade de legalização do documento através do caminho convencional.
Em que consiste a legalização de um documento?
É o procedimento necessário para que um documento emitido em um país tenha efeitos em outro, quando um deles, ou ambos, não sejam firmatários da Convenção da Apostila de Haia. O processo, nesses casos, é mais dispendioso e demorado, demandando, no caso de documentos produzidos na China, intervenção de uma Repartição Consular brasileira com jurisdição sobre o local.
A partir de 7 de novembro, dessa forma, a legalização não mais será necessária, substituindo-se a intervenção consular pelo apostilamento em cartório.
Por que a adesão da China é importante?
A China é um importantíssimo player no cenário mundial, que estabelece relações comerciais multinacionais em volume significativo. Trata-se de um mercado em efervescência, que, além de atrair investimentos, aposta, também, na internacionalização de seus próprios negócios como estratégia de diversificação e maximização de resultados.
O Brasil, nesse sentido, apresenta significativos fatores de atração para o capital chinês, que envolvem elementos que vão desde a geopolítica mundial até circunstâncias endógenas específicas:
- competição chinesa por espaço de influência com outras potências mundiais;
- posição brasileira de potência local na América Latina;
- relativa desvalorização do Real perante outras moedas;
- significativa capacidade industrial;
- economia de escala relevante; e
- mercado consumidor emergente.
Conforme dados do relatório CEBC (Conselho Empresarial Brasil-China), publicado em agosto de 2023, o setor de eletricidade responde por cerca de 50% dos investimentos chineses no Brasil, em 2022, seguido por outros como a tecnologia da informação (6%), indústria automotiva (6%), agronegócio (6%), obras de infraestrutura (6%), indústria têxtil (3%) e fabricação de materiais para uso médico e odontológico (3%). A importância dos investimentos chineses, assim, dá-se não somente pelo volume de capital injetado, mas também por força do direcionamento desses recursos para o desenvolvimento de setores estratégicos.
Conclusão
A retirada de qualquer entrave burocrático implica uma valiosa economia de tempo e recursos para quem deseja investir no Brasil. De acordo com o relatório CEBC, do total de 22 empresas chinesas que investiram no Brasil no ano de 2022, oito eram estreantes que ainda não tinham qualquer atividade produtiva no país.
O caminho, portanto, está aberto e o fluxo é constante. Com orientação adequada e tomando as cautelas necessárias, portanto, é plenamente viável aproveitar as facilidades geradas pelo ingresso da China na Convenção da Apostila de Haia.
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